quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

IR E VIR




IR E VIR

Um dia que raia,
mais outro vai embora.
O ocaso desmaia,
surge nova aurora...

Luz, clarão fugaz
E que a noite caia!
Vida se desfaz...
Aplaude-te e vaia

A vida só é assim...
Se tanto me apraz,
por que foge a mim?

Diz-me: Quem diria,
viver? Tanto faz...
Vida é só utopia.

Tânia Regina Voigt

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

HERESIA




HERESIA

Se te senti nas horas de alegria
que juntos desfrutamos passo a passo.
Ou nas horas de pura poesia,
nos momentos de amor e de cansaço.


Se vi meu coração quedar-se lasso,
sofrendo, pois mordido, em agonia,
nem assim, aceitei como um fracasso.
E chorando e gemendo ainda eu ria.


Mas, se hoje amor meu, tem esse embaraço
de usar o verbo que eu não queria
faço mais um esforço nesse espaço...


Buscando forças nessa rebeldia,
quem sabe se te alegro e satisfaço,
dando-te adeus sorrindo! Em heresia...

Tânia Regina Voigt

LÍRICO ENIGMA



LÍRICO ENIGMA

Que clave abrigas nessas belas partituras
e tão suaves lavras? Que enigma tu apuras,
que permeia o acorde melodioso e a sós,
espargindo sons angelicais de tua voz?

Será o arcano dessa melodia celeste
o mesmo arcano que faz dessa vida um teste?
Ah! Mas, é a perfeição das tuas entrelinhas
e o doce toque ensejado em tão leves linhas...

Que inspiram à poetisa um terno poema,
e a enamorada um canto para o ser amado.
Quão delicadas surgem então, essas rimas...

Que nome mais arguto não houvera em cena.
E chamaram-te do jeito mais delicado
de ¨Soneto¨. A maior de tantas obras-primas.

Tânia Regina Voigt

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

QUEM ÉS TU MEU ENCANTO?


QUEM ÉS TU MEU ENCANTO?

Quem és tu meu encanto que longe inebrias
como se aqui comigo estivesse a falar?
E teu canto pra mim vem trazer alegrias
fazendo de paixão meu coração vibrar...

Quem és tu homem, anjo, ou só um querubim
que mesmo sem te ouvir a voz, sinto-o cantar?
Como num solo lindo dissesse pra mim
que tu sonhas comigo e também, quer me amar.

Quem és tu que serás somente meu um dia?
Minh’alma já se alegra só de hoje saber
que aceitaste a minha humilde companhia

E que um dia virás pra mim sempre a sorrir
Mas, eu preciso só mais um ponto entender:
Quem és tu. E diz pra mim que não irás sumir.

Tânia Regina Voigt

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

SONHO MALVADO


SONHO MALVADO

Entre o nascer e a morte o que é que se tem?
A minha vida é nada, se nada eu tenho
Seguindo por qualquer rumo, dizendo amém...
No mar bravio, só, e apenas... sou um lenho.

Minha vida foi só vontade, é quimera
De sonho farto sim, mas jamais impetrado.
O inatingível eu quero... Porém, quem dera?
No interior está ele bem ordenado

Quando ocorrerá, pois, o fim deste tormento?
Se a vida de mim logo foge, some, esquece
e tudo passa, é só mais um pra meu lamento!

Mas ele insiste, quer vingar meu desespero.
Quando em mim anoitece ele não permanece...
Que posso fazer sonho? Nem tu és sincero.

Tânia Regina Voigt

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

SAUDADES DO QUE NÃO FOI



SAUDADES DO QUE NÃO FOI

Saudades... E elas são tantas que doem, e marcam...
Mas, onde então, será que estás meu rosto amado?
Se apenas são de lágrimas que aqui me encharcam
as tintas que colorem teu retrato ao lado.

Mesmo que pra ti nunca tenha revelado
o que os pobres lamentos fazem se me abarcam.
Machucando esse tolo ser agoniado
que como criminoso com a culpa arcam.

Mas vem saudade, fere e mata se quiser!
Que na vida que agora leva não tem sonho
e nem a ilusão dessa inútil... Só mulher.

Porém, como explicar que o sentimento vive
na loucura senão no ocaso que aqui eu ponho
lembrando o ser querido se NUNCA eu o tive?

Tânia Regina Voigt

terça-feira, 21 de julho de 2009

CONVERSANDO CONTIGO


CONVERSANDO CONTIGO

Meu amor, tu não intuis que eu vivo esperando
o momento feliz de me encontrar contigo?
E negando a razão continuo te chamando,
sem esperar um só risco ou até um castigo.

Só o amor que nos une será suficiente
para glorificar os sentidos e a vida
E, se assim for, então, podes ficar contente:
Venceremos o nó que nos tolhe e intimida.

Imagina o tormento vencido por nós...
Ouve: Não basta nós dizermos que sabemos
que alegria o teu e o meu coração a sós!

Logo vamos, de novo, reaver, se perdemos...
Se agora só sonhamos, o que será após?
Pra brilhar este amor é preciso crer. Cremos.

Tânia Regina Voigt

sexta-feira, 12 de junho de 2009

PROCURA-SE


PROCURA-SE

Neste soneto que aqui foi parido...
Diga-me o que foi que te aconteceu
Procuro-te nele, verso escondido
Que se passa contigo verso meu?

Verso dorido, tão triste e mordido
junto às estrelas aqui refletidas...
Seco pelo orvalho bem escorrido
que já lavou também minhas feridas.

Busquei, ao criar, beleza sublime
num só verso profundo e verdadeiro
que ao sentimento não subestime.

Sofrido e tão carente de alegria
pra brindar esse soneto primeiro,
traz agora emoção, minha poesia!

Tânia Regina Voigt

Publicado no Recanto das Letras
em 17/07/2007 Código do texto: T567979

quinta-feira, 7 de maio de 2009

CRISTO


CRISTO

Cristo, sentes? Tu vês meu coração aflito?
E essas agonias, que me deixam estranha...
Seria carma, ou o quê? Castigo? Ouves meu grito?
Pois ele sai do meu âmago, dessa entranha.

Cristo!... Por que tu não vens, se assim eu me agito,
só, sentindo aqui essa tristeza tamanha?
Teu amor, que sei ser tão puro e muito acredito!
Não vem iluminar-me, me desacompanha?

Cristo!... Estou aqui tomada, partida de medos!
Como vou suportar a dor deste tormento
e como desbravar esses grandes rochedos?

Cristo!... Rogo: Que eu não precise sentir
que me amam, pra viver o puro encantamento,
de amar e, só por isso então, poder sorrir...

Tânia Regina Voigt

quarta-feira, 22 de abril de 2009

SURREAL


SURREAL

Uma viagem surreal e imprudente
num devaneio eterno que assim provoca
dentro desse então, cérebro incandescente
o sofrer de uma eterna dor que sufoca.

Na viagem, o coração é pulsante.
Enquanto que pernas bambas cambaleiam...
O sonho alucinado da pobre amante
que razão e lucidez já não refreiam.

Viagem que encanta, agiganta e aborrece
Porque mesmo assim, sem muito conhecer
idolatra, respeita, admira e enaltece...

O sonho intenso, lindo de ser e estar,
com a razão-mor desse doce viver
no mais celeste azul e profundo mar.

Tânia Regina Voigt

terça-feira, 3 de março de 2009

TEUS VERSOS



TEUS VERSOS


Meu amor querido, não sou capaz de olvidar
a vez primeira em que te li, lembro também,
como aos meus olhos subiu o pranto, meu bem.
Tão emocionada comecei a sonhar...


E cada verso teu pra mim, era um encanto.
Eu os sorvia em nenhuma pressa e, ou fadiga.
Mesmo se alguma vez deixei rolar meu pranto
foi de felicidade escutando a cantiga.


Não vá chorar por mim, pois vou chorar também...
Inda perplexa nem sei o que aqui te diga
A voz do meu sofrer, não conta pra ninguém.


Na distância sim, meu amor serei tua amiga.
Não perto, porque o quero muito, muito além.
Perdoe-me por não ser quem queres que o siga.


Tânia Regina Voigt

domingo, 15 de fevereiro de 2009

CHOROU



CHOROU


A tarde muito triste, chorou, chorou...
Assim, perfume da terra desprendia.
Mas, de triste nem notou, não aspirou.
Enclausurada, aflita, apenas sofria.

E por estar desse jeito, tão chorosa,
ficou num torpor hipnótico, amuada.
Essa tarde que sempre foi toda prosa,
simplesmente já não queria mais nada.

Num último suspiro, ela soluçou,
com o braço esticado, tocou a noite.
E então, a noite também chorou, clamou...

A dor como sentia era mais que açoite!
Mas, quando a última lágrima rolou,
ficou só um vazio e tudo se acabou.

Tânia Regina Voigt

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A FELICIDADE



A FELICIDADE

De que será feita? De onde ela vem?
Dizem que esta só vem do interior.
Quem isso disse, conhece-a bem?
Ao seu conceito posso dar valor?

Dizem que está guardada no meu peito
Também pode estar em minha cabeça.
Será que então, nasci com um defeito?
Como poderei fazer que apareça?

Se estiver em meu cérebro escondida,
só pode ela ser malvada ou bandida.
Já que aqui insiste em não aparecer.

Em sua busca, eu escorrego e rastejo,
mas cadê a danada que não vejo?!
A felicidade irei conhecer?

Tânia Regina Voigt